NUM MINUTO
SINTA-SE LÁ
O campo de futebol da cidade de Pirenópolis, no interior de Goiás, transforma-se, durante alguns dias, numa arena de embate e de gracejo.
A arena para onde todo mundo vai para assistir às famosas Cavalhadas, nos dias da Festa do Divino. A arena onde o público vai interagir com os personagens dessa encenação da batalha que marcou a expulsão dos mouros da península Ibérica e, de alguma forma, a vitória da fé cristã.
Uma história de guerra santa, recontada ano após ano, como uma maneira de reafirmar a fé dos cristãos brasileiros. Uma encenação que faz muito sentido durante essa festa, já que os cavaleiros de Carlos Magno, assim como o Espírito Santo, tinham a missão de peregrinar pelo mundo levando a todos a palavra da salvação prometida por Deus.
Os cavalos são as figuras centrais do evento. São eles que levam para a batalha os 24 cavaleiros (12 cristão e 12 mouros) ricamente adornados. São eles também que conduzem os Mascarados, figuras bem-humoradas que usam roupas coloridas e máscaras de papel machê com longos chifres adornados com flores de papel crepom. Botas e luvas completam o visual. Eles nunca tiram as máscaras e sempre falam com vozes roucas, num esforço permanente de manter o anonimato.
Eles representam o povo (em uma encenação que lembra que nem todos têm acesso a pompa dos cavaleiros, da elite e do poder). Dão leveza à festa, quebram o clima pesado da batalha de vida e morte que ali se apresenta. Graças a eles, a guerra santa aqui representada é enfeitada com a delicadeza das flores, das cores e das texturas do cerrado brasileiro.
A banda toca marchinhas animadas. E os mascarados, com seus gracejos e suas fantasias esquisitas, divertem o público.