top of page

NUM MINUTO

PREFACIO

SINTA-SE LÁ

2ª quinta feira do ano e o clima já é de Carnaval.

São 9 horas da manhã. O dia está bem nublado, mas o calor já é intenso. É tanta gente reunida que não dá pra sentir nenhuma brisa, apesar de estarmos tão perto do mar.

Colares, pulseiras, contas, amuletos, fitinhas, flores. O perfume da água de cheiro.

Uma multidão animada. Muitas risadas. Muita felicidade no ar.

A caminhada de 7 km entre a Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Basílica do Senhor do Bonfim é extenuante.

A multidão se espalha ao chegar à praça da Basílica que é pequena demais para acomodar tanta gente.

Com a sensação de missão cumprida, é hora de diversão: comidas de rua, tiro ao alvo, cantorias, rezas, abraços, muita cerveja. O bairro inteiro respira a alegria da festa do Senhor do Bonfim.

Logo logo chegará o Carnaval.

FOTOS

FOTOS Oxente

1 milhão de pessoas reunidas em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia: uma multidão de perder de vista. Quase todos vestidos de branco.

Não é feriado em Salvador, mas é comum que as pessoas tirem o dia de folga para participar desse evento que é um misto de reverência ao Senhor do Bonfim, à Oxalá e ao Momo.

A festa, de origem católica, teve sua primeira versão em 1773 e, naquela época, tinha o intuito de ser uma demonstração pública de fé e de humildade das senhoras católicas que lavavam as escadarias das igrejas como sinal de agradecimento por alguma graça alcançada. Elas eram ajudadas na tarefa pelas suas escravas, mulheres de origem keto, que, com o tempo, começaram a adaptar o ritual para torná-lo mais próximo daquele que elas realizavam nos terreiros em homenagem a Oxalá.

 

Mas à medida que a festa foi ganhando visibilidade, ela ganhou ainda uma terceira vertente, de origem totalmente profana, e se transformou na festa que marca o ponta pé inicial pro Carnaval de Salvador.

E assim, esse pequeno deslocamento, de cerca de 7 km, consegue unir a fé dos europeus, a fé dos africanos e a alegria do povo baiano numa caminhada que pode ser vista como uma procissão católica, como uma releitura da jornada de Oxalá ao reino de Oyó ou ainda como um grande bloco de Carnaval.

 

Seja como for, as avenidas da cidade parecem estreitas, a multidão preenche cada espaço disponível. Jesus vai à frente, abrindo o caminho. Em seguida vêm as baianas, ricamente adornadas, carregando quartinhas cheias de água de cheiro. Para fechar o cortejo, muitas e muitas pessoas. Algumas vêm concentradas no ato de devoção, outras estão ali pela celebração com os amigos. Ouvem-se vários tipos de reza e várias canções profanas. 

Quando o primeiro grupo chega à Basílica, as baianas lavam o ádrio da Igreja, distribuem bênçãos e banhos de água de cheiro.​ Os fieis fazem pedidos e amarram fitinhas coloridas no gradil da Igreja.

Para mim, mais do que uma festa animada, a Lavagem do Bonfim é uma linda comunhão de crenças: um dia de muita alegria e de respeito a várias formas de reverência.

FOTOS Lavagem do Nosso Senhor do Bonfim

_99A6721.jpg

Mito das “Águas de Oxalá”

Um dia, Oxalá resolveu sair de seu reino e visitar o reino de Xangô, Rei de Oyó. 

 

Antes de rumar a Oyó, Oxalá consultou seu babalaô a fim de saber como seria a jornada. O babalaô lhe disse que podia ir, mas que antes de sair, deveria fazer uma oferenda a Exú, para que tudo corresse bem na sua viagem. Além disso, recomendou que ele levasse três mudas de roupas brancas, limo-da-costa e sabão-da-costa.  O adivinho aconselhou-o ainda a aceitar e fazer tudo o que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse e disse que essa seria a forma de não perder a vida.

 

Oxalá ignorou o conselho do oráculo a respeito da oferenda a Exú e partiu sozinho para iniciar a viagem.

Logo no começo de sua viagem, caminhando pela mata, encontrou uma pessoa que estava tentando levantar um tonel de dendê e lhe pediu ajuda. Oxalá prontamente o ajudou. Só que essa pessoa, na verdade, era Exú que, disfarçado, resolveu pregar algumas peças em Oxalá por não ter feito a oferenda antes de iniciar a viagem. Propositalmente, derramou o dendê sobre Oxalá e saiu.

 

Oxalá banhou-se no rio, trocou de roupa e continuou sua jornada.

1/3

A LENDA
BASTIDORES

BASTIDORES

Quem vive as festas tem sempre

umas experiências curiosas...

ONDE FICA?

Salvador (BA)

ONDE FICA
bottom of page