1. As Cavalhadas são uma representação teatral de uma batalha que (teoricamente) aconteceu na Península Ibérica por volta do ano 700, quando os cristãos teriam expulsado os mouros da região.
2. Teoricamente, porque os dados históricos mostram que a história não foi bem assim. Na verdade, as Cavalhadas se baseiam em uma Canção de Gesta, um poema épico medieval que exaltava os feitos do exército de Carlos Magno, chamada “Canção de Rolando”.
3. Em Pirenópolis, as Cavalhadas acontecem como parte das celebrações da festa do Divino e a festa tornou-se tão popular, que a 2ª e a 3ª feira depois do domingo de Pentecostes foram transformadas em feriado no município para que toda mundo possa acompanhar as batalhas entre mouros e cristãos.
4. Tanto o exército cristão (com cavaleiros vestidos de azul) como o exército mouro (com cavaleiros vestidos de vermelho) são formados por 12 personagens: o rei, o embaixador e dez soldados. Esse número é uma alusão à “tropa de elite” do exército de Carlos Magno, conhecida historicamente como os “Doze Pares da França”.
5. Para que um cidadão pirenopolino possa se tornar um cavaleiro, é necessário que um dos 24 cavaleiros da “ativa” desista de seu posto. Geralmente, o novo membro vem indicado por algum cavaleiro e, mesmo assim, ele tem que ser aprovado pelos dois reis e pelos dois embaixadores que vão avaliar o caráter e o histórico da família do novo candidato. Se ele for aceito, entrará como “cerra-fila”, o último dos 12 de um dos dois exércitos e vai subindo na hierarquia à medida que outros postos vão vagando.
6. Antes de seguir para o campo de batalha – o Cavalhódromo –, os cavaleiros se reúnem em frente à igreja Nossa Senhora do Rosário onde fazem uma oração e pedem proteção ao Divino para que ninguém se machuque durante o evento.
7. No Cavalhódromo, cada exército possui um castelo: à direita da arquibancada principal, no poente, está o castelo cristão, ornado por uma cruz e pintado de azul claro. No lado oposto, o castelo mouro é vermelho, suas janelas são arredondadas e o símbolo principal é a lua crescente islâmica.
8. São 3 dias de apresentações:
A trama começa com a descoberta de um espião mouro no campo cristão. O espia, que no cerrado brasileiro usa máscara de onça pintada, é morto pelo cerra-fila cristão. O episódio provoca uma crise entre os exércitos. Os embaixadores de cada lado visitam o rei oposto para convencê-lo a trocar de religião. Como ninguém cede, a guerra tem início. No primeiro dia, as batalhas são encenadas durante oito carreiras diferentes, quando mouros e cristãos galopam sem trégua pelo campo.
No segundo dia, acontecem outras dez carreiras. Na última delas, os cristãos cercam os mouros, que são rendidos. Todos os 24 cavaleiros saem do recinto e, ao regressar, os mouros voltam desarmados e são batizados, simbolicamente, pelo padre da cidade.
No 3º dia, não há mais guerras. Com os ex-mouros convertidos ao cristianismo, o clima agora é de confraternização e o objetivo principal e demonstrar a destreza dos cavaleiros.
9. Nos intervalos das apresentações, surge uma outra figura muito querida do povo pirenopolino: os mascarados.
10. Dizem, que esse personagem surgiu como uma manifestação dos escravos, que queriam participar da festa, mas não eram autorizados a ser cavaleiros. Eles usam máscaras de papel (confeccionadas por vários artesãos locais) e cobrem todo o corpo com luvas, botas e roupas coloridas, de forma que não possam ser identificados.
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