1. Santo Antonio chamava-se Fernando! Fernando de Bulhões nasceu em Lisboa no dia 15 de agosto – dia de São Fernando - de algum ano entre 1188 e 1195 (não se sabe ao certo porque não era comum, naquela época, registrar os nascimentos de pessoas comuns).
2. Tornou-se Antônio em 1220, quando entrou para a ordem de São Francisco. Escolheu esse nome como uma homenagem a Santo Antão do Deserto, monge egípcio que viveu entre os séculos III e IV, que doou todos os seus bens aos pobres.
3. Curiosidade “paralela” (rs): o poeta Fernando Pessoa, nascido no dia 13 de junho de 1888 foi chamado de Fernando Antônio, em homenagem ao santo do dia em que nasceu: o dia de Santo Antônio - como o de quase todos os santos - é o dia de sua morte e ele faleceu no dia 13 de junho de 1231, com cerca de 40 anos, em Pádua, na Itália.
4. A imagem mais popular da sua iconografia é a do santo com o menino Jesus no colo. Ela se originou de um dos tantos milagres atribuídos a ele... diz a história que, durante um sermão que ele fazia na casa de um nobre, o menino Jesus apareceu em seu colo.
5. Outra história curiosa, registrada pelo pintor Ticiano em 1511, é a de uma jovem italiana que, logo depois de ter tido um bebê, teve uma discussão com o esposo que desconfiava não ser o pai da criança. Antônio chegou à casa deles, pegou o bebê recém-nascido no colo e pediu que ele mesmo dissesse quem era o seu pai. O bebê, com apenas algumas horas de nascido, falou. Ele confirmou que o esposo desconfiado era o seu pai e a paz voltou a reinar naquela casa (eu fiquei com pena dessa esposa!).
6. A fama de casamenteiro parece ter surgido de uma história de uma moça muito pobre, que não conseguia casar porque a família não tinha dinheiro nem para o dote, nem para a festa, nem para o enxoval. Antônio abençoou a moça que, em poucos dias, recebeu doações totalmente inesperadas e conseguiu tudo o que necessitava para casar-se.
Vem daí a tradição das moças solteiras fazerem promessas para o santo para arrumarem um marido:
Meu Santo Antônio querido,
Eu vos peço, por quem sois:
Dai-me o primeiro marido,
Que o outro, arranjo depois.
Meu Santo Antônio querido
Meu santo de carne e osso,
Se tu não me dás um marido,
Não tiro você do poço.
Fonte: Dicionário do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo
7. Como os versinhos indicam, as moças submetem a imagem do santo vários tipos de suplícios, na esperança de uma rápida solução para o seu pedido de arranjar um marido.
Enquanto a moça não recebe a sua graça, o Santo Antônio vai sendo submetido a diversas “torturas”: às vezes ele é colocado atrás da porta, às vezes de cabeça pra baixo dentro de um copo de água, ou tirado do altar e colocado na cozinha, perto do fogo... Ele só pode voltar para o altar, quando a graça for alcançada!
8. Uma das estratégias de pressão mais eficientes parece ser a de separá-lo do menino Jesus. Pra facilitar essa prática, foi criada a versão do santo que ficou conhecida como “Santo Antônio tira menino”: uma estátua composta de duas peças que são facilmente separadas na hora da promessa e religadas depois da graça alcançada. (quem se interessar, pode comprar uma baratinha no Mercado Livre. Entrega no dia seguinte!).
9. As negociações com o santo são feitas durante a trezena em sua homenagem. Antigamente a trezena consistia em orações e leituras de exemplos de sua vida, realizadas durante 13 terças-feiras seguidas. Atualmente, as trezenas são mais rápidas, sendo realizadas entre os dias 01 e 13 de junho (13 dias em vez de 13 semanas dedicadas ao santo).
10. Como no século XIII os pergaminhos eram caros e os livros muito raros, há poucos registros da época dos sermões do Frei Antônio, apesar de um consenso de que ele era incrivelmente eloquente. O sermão dos peixes é uma dos milagres mais famosos atribuidos a ele. A história contada por Leandro Karnal e Luiz Estevam Fernandes diz que, "Cansado de falhar na conversão dos ímpios, Antônio teria ido à beira mar refletir sobre passagens bíblicas, em especial aquelas em que os apóstolos são vistos como "pescadores de homens". Começou a pregar para os peixes e eles o ouviram atentamente. Quando voltou para a cidade, converteu multidões".
11. Provavelmente por essa fama de eloquente que, por aqui, o santo mesclou-se com Exu, o orixá da comunicação.
12. 4 séculos depois de sua morte, um outro Antônio, Antônio Vieira, começa a fazer sermões em que exalta os feitos de Antônio de Pádua. É provavelmente graças a esses sermões (muitíssimo mais registrados) que o santo desenvolveu a fama de resolvedor de problemas de todos os tipos.
Em um sermão que Antonio Vieira fez em 1656, no Maranhão, ele elenca várias causas para as quais o santo pode ser evocado:
Se vos adoece o filho, Santo Antônio;
Se vos foge o escravo, Santo Antônio;
Se mandais a encomenda, Santo Antônio;
Se esperais o retorno, Santo Antônio;
Se requereis o despacho, Santo Antônio;
Se aguardais a sentença, Santo Antônio;
Se perdeis a menor miudeza de vossa casa, Santo Antônio;
E talvez, se quereis os bens alheios, Santo Antônio.
Fonte: Dicionário do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo
13. No Brasil, segundo o censo de 2010, Antônio é o 3º nome mais comum entre os homens (cerca de 2,6 milhões de brasileiros têm Antônio como primeiro nome) e Antônia, o 4ª nome mais comum entre as mulheres (com cerca de 590 mil pessoas).
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