O Festival de Parintins é uma festa incrível que acontece todos os anos no meio da Amazonia (na ilha de Parintins - a cerca de 400 km de Manaus) quando dois grupos oponentes - Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho) - se apresentam por 3 noites, numa sequencia incrível de músicas, coreografias e cenários distintos.
A festa divide a cidade e a galera! São 21 itens avaliados nas 7,5 horas de apresentação de cada grupo.
As lindas toadas e fantasias encantam os visitantes e os habitantes que têm a oportunidade de assistir às apresentações.
A festa do boi existe em várias partes do Brasil, com pequenas variações de um lugar para o outro, inclusive no nome, que em Parintins é Boi Bumbá, no Maranhão é Bumba Meu Boi, em Santa Catarina é Boi de Mamão...
A história que é representada, no entanto, é, de maneira geral, a mesma e fala sobre um casal de escravos, Pai Francisco e Mãe Catirina. Grávida, Catirina está com desejo de comer língua de boi. Para atender a sua vontade, seu marido mata o boi mais bonito de seu senhor. Percebendo que seu boi preferido está morto, o dono da fazenda convoca curandeiros e pajés para ressuscitá-lo. Quando o boi volta à vida, toda a comunidade celebra.
É curioso pensar que em plena região Amazônica exista um festival para homenagear um boi (que não é um animal típico, ou pelo menos não era até começarem os grandes desmatamentos para expansão da criação de gado). Me parece que seria mais “apropriado” homenagear a onça pintada ou a cobra sucuri e não um boi. Mas, como a região foi povoada principalmente por nordestinos que vieram tentar a vida na extração da borracha da seringueira, a tradição do boi acabou sendo trazida junto com eles!
Em Parintins, a história foi levemente ajustada, dando maior ênfase à participação dos índios, em especial do Pajé, dada a importância desta etnia na região amazônica.
No Bumbódromo, arena com capacidade para 16.500 pessoas, durante 3 noites, cerca de 4.000 representantes do boi Garantido e 4.000 do boi Caprichoso fazem suas apresentações e defendem uma espécie de “título”. A população local participa de duas maneiras: como integrantes da apresentação ou como membro da “galera”, uma espécie de torcida organizada que agita as apresentações no Bumbódromo.
A disputa entre os Bois Caprichoso e Garantido é tão grande que os torcedores de um não pronunciam o nome do outro. Quando alguém quer falar sobre o boi adversário, ele só diz “contrário” no lugar do nome.
Não sei se isso é verdade, mas dizem que os jurados do festival de Parintins usam canetas da cor verde para fazer suas anotações. Dessa forma, não há influência no resultado por causa das cores.
A viagem de barco de Manaus a Parintins (leva cerca de 23 horas na ida e 27 horas na volta rio acima) é uma aventura exótica: 400 pessoas e suas redes dividem o espaço, cantam e dançam as melodias dos bois contrários numa espécie de aquecimento para o festival.
Dezenas de barcos saem de Manaus, de Belém e de várias outras cidades próximas para levar turistas para assistir ao festival ou apenas para curtir a cidade durante os dias de festa.