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Andrea Goldschmidt

Um show de cores e emoções na Amazônia: o Festival de Parintins


O Festival de Parintins é uma festa incrível que acontece todos os anos no meio da Amazonia (na ilha de Parintins - a cerca de 400 km de Manaus) quando dois grupos oponentes - Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho) - se apresentam por 3 noites, numa sequencia incrível de músicas, coreografias e cenários distintos.

Boi Garantido durante apresentação em Parintins
Boi Caprichoso durante apresentação em Parintins

A festa divide a cidade e a galera! São 21 itens avaliados nas 7,5 horas de apresentação de cada grupo.

As lindas toadas e fantasias encantam os visitantes e os habitantes que têm a oportunidade de assistir às apresentações.

A festa do boi existe em várias partes do Brasil, com pequenas variações de um lugar para o outro, inclusive no nome, que em Parintins é Boi Bumbá, no Maranhão é Bumba Meu Boi, em Santa Catarina é Boi de Mamão...

Cena da lenda do boi com Pai Francisco, o boi morto e o pajé que irá ressuscitá-lo

A história que é representada, no entanto, é, de maneira geral, a mesma e fala sobre um casal de escravos, Pai Francisco e Mãe Catirina. Grávida, Catirina está com desejo de comer língua de boi. Para atender a sua vontade, seu marido mata o boi mais bonito de seu senhor. Percebendo que seu boi preferido está morto, o dono da fazenda convoca curandeiros e pajés para ressuscitá-lo. Quando o boi volta à vida, toda a comunidade celebra.

É curioso pensar que em plena região Amazônica exista um festival para homenagear um boi (que não é um animal típico, ou pelo menos não era até começarem os grandes desmatamentos para expansão da criação de gado). Me parece que seria mais “apropriado” homenagear a onça pintada ou a cobra sucuri e não um boi. Mas, como a região foi povoada principalmente por nordestinos que vieram tentar a vida na extração da borracha da seringueira, a tradição do boi acabou sendo trazida junto com eles!

Em Parintins, a história foi levemente ajustada, dando maior ênfase à participação dos índios, em especial do Pajé, dada a importância desta etnia na região amazônica.

Galera do Boi Caprichoso durante apresentação do Boi Bumbá no Bumbódromo de Parintins

No Bumbódromo, arena com capacidade para 16.500 pessoas, durante 3 noites, cerca de 4.000 representantes do boi Garantido e 4.000 do boi Caprichoso fazem suas apresentações e defendem uma espécie de “título”. A população local participa de duas maneiras: como integrantes da apresentação ou como membro da “galera”, uma espécie de torcida organizada que agita as apresentações no Bumbódromo.

Galera do Boi Garantido durante apresentação do Boi Bumbá no Bumbódromo de Parintins

A disputa entre os Bois Caprichoso e Garantido é tão grande que os torcedores de um não pronunciam o nome do outro. Quando alguém quer falar sobre o boi adversário, ele só diz “contrário” no lugar do nome.

Não sei se isso é verdade, mas dizem que os jurados do festival de Parintins usam canetas da cor verde para fazer suas anotações. Dessa forma, não há influência no resultado por causa das cores.

Barco levando turistas de Manaus para Parintins para o Festival do Boi Bumbá

A viagem de barco de Manaus a Parintins (leva cerca de 23 horas na ida e 27 horas na volta rio acima) é uma aventura exótica: 400 pessoas e suas redes dividem o espaço, cantam e dançam as melodias dos bois contrários numa espécie de aquecimento para o festival.

Dezenas de barcos saem de Manaus, de Belém e de várias outras cidades próximas para levar turistas para assistir ao festival ou apenas para curtir a cidade durante os dias de festa.

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