Na cultura japonesa, o florescer da árvore de cereja é considerada a mais pura manifestação de beleza. A flor de cerejeira simboliza o amor, a felicidade, a renovação e a esperança, mas, principalmente, simboliza a efemeridade da vida e, por conta da curta duração da sua florada, está relacionada ao ensinamento da lição de aproveitar intensamente cada momento.
Os samurais, guerreiros japoneses, consideravam esta flor como símbolo de sua filosofia, já que ela floresce lindamente, mas enfraquece rapidamente e as flores são espalhadas pelo vento, o que era considerada a morte perfeita para um verdadeiro guerreiro que aceitava a filosofia "samurai" e a natureza transitória de existência.
A essência de Bushido (código do samurai que tem a flor de cerejeira como seu emblema) diz que se deve “viver o presente sem medo” já que , de acordo com seu lema, "este é um dia bom para morrer".
Diz a lenda que a flor de cerejeira – chamada de “sakura” pelos japoneses – surgiu da queda da princesa Konohana Sakuya Hime em um local próximo ao Monte Fuji, a mais alta montanha do Japão. Ao cair do céu, ela foi amparada pela árvore, transformando-se nesta vistosa flor.
A "sakura" era originalmente usada para anunciar o final do inverno e o início da estação de plantação de arroz. As pessoas acreditavam no "kami" no interior das árvores (ser com poderes que um ser humano comum não tem como: espíritos da natureza, protetores ancestrais, divindades relacionadas à prática religiosa do Xintoísmo) e faziam oferendas a ele sob os pés das cerejeiras.
Esta talvez tenha sido a origem da tradição de realizar o "hanami", que basicamente, consiste em sentar sob as cerejeiras e contemplá-las durante um bom período, o que, para os japoneses, é o melhor jeito de curtir a florada, especialmente quando o vento sopra as delicadas pétalas das flores fazendo com que elas se espalhem.
As celebrações do "hanami" normalmente envolvem muita comida, bebida e música.
Alguns pratos especiais são preparados e comidos na ocasião, como o "dango" e o "bentô", sendo que é comum beber "saquê" como parte da festividade. Também não falta quem procure deixar cair uma pétala dentro de sua xícara de chá, um sinal de boa sorte na cultura oriental.
Em São Paulo, cidade que tem a maior comunidade japonesa fora do Japão (são cerca de 1,5 milhão de nikkeis em todo o Brasil), o plantio das cerejeiras iniciou-se no Parque do Carmo pelo imigrante Hisayoshi Kataoka.
A ideia surgiu durante uma visita que ele fez à casa onde morava antes de imigrar para o Brasil, na cidade de Okayama. Ali, ele foi surpreendido por uma linda cerejeira, fruto de uma semente que Kataoka enterrou no quintal da casa de sua família logo antes de partir para São Paulo, 40 anos antes.
Em 1978, ele trouxe então 1 500 mudas de cerejeiras do Japão, que deram origem ao bosque brasileiro - que conta hoje com cerca de 4.000 árvores (a segunda maior plantação de cerejeiras do mundo, atrás apenas de uma em Washington, nos Estados Unidos).
Durante cerca de 10 dias as cerejeiras plantadas no Brasil ficam floridas, criando um cenário emocionante. 10 dias apenas, menos de 3% do ano em que este espetáculo deslumbra aqueles que visitam os bosques.
Pra quem quiser ir conhecer in loco, a festa geralmente acontece no primeiro final de semana de agosto, mas pode variar em função do clima de cada ano, então é sempre bom dar uma pesquisada antes de ir.