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Andrea Goldschmidt

Você não tem medo de viajar sozinha?


Já ouvi esta pergunta dezenas de vezes... entendo que as pessoas vejam riscos em sair de casa sem nenhum conhecido para um lugar também desconhecido, mas a minha resposta é sempre a mesma: não!

Não tenho realmente o menor medo de viajar sozinha!

Claro que eu evito algumas coisas que sei que são arriscadas (a gente aprende a fazer isso desde criança quando nasce e cresce em São Paulo!), mas, na verdade, sempre que me perguntam isso eu fico pensando “quando é que de fato estou sozinha nestas festas?”

Eu saio de casa sozinha, é verdade, mas, SEMPRE, logo logo arranjo uns amigos novos!

rua de São Luiz do Paraitinga durante a Festa do Divino

Se tem uma característica muito interessante do brasileiro como povo é que a gente sempre encontra uns “amigos de infância” em qualquer lugar pra onde a gente vá. E isso nem acontece por minha iniciativa não! Eu sou até bem quieta, bem na minha, difícil de puxar papo com um desconhecido... Mas em todo lugar pra onde eu vou, encontro pessoas que tomam a iniciativa de puxar papo e acabam virando novos amigos!

Em Ouro Preto, por exemplo, fui apresentada a um estudante que estava fazendo a sua pesquisa de doutorado durante a festa da Semana Santa. Mal começamos a conversar, ele me disse que precisava sair porque tinha combinado de ir na casa de uma senhora ajuda-la com algo. Ela olha pra minha cara por 5 segundos e pergunta “não quer ir também?”. E eu fui, claro! A Dona Deolinda Alice dos Santos foi super gentil: abriu as portas da sua casa, me deu um monte de informações muito bacanas, me deixou fotografar tudo o que eu quis e ainda me deu um livro de presente no final da tarde!

Em Olímpia, eu estava na beira do palco, bem concentrada fazendo umas fotos, quando resolvi trocar de lente. No que saquei a minha 100-400 (uma lente enorme para quem não conhece) aparece um rapaz todo animado e começa a fazer perguntas sobre o equipamento. No final da noite ele me perguntou “O que você vai fazer amanhã? Não quer me acompanhar num trabalho que vou fazer durante o dia de entrevistas a integrantes de alguns grupos que estão se apresentando no festival?” Foi uma experiência incrível. Marcello Bulhões nem sei como te agradecer por ter me levado com você! Foi maravilhoso poder conhecer melhor as pessoas que fazem tudo aquilo acontecer! Foi maravilhoso ver como eles gostam de falar da sua música, da sua dança, das suas dificuldades e das suas conquistas!

Em Juazeiro do Norte, em novembro, num calorão de uns 40 graus, eu resolvi sair de bermuda pra ficar mais confortável. Virei “atração turística”! O tanto de gente que me parou pra perguntar de onde eu era e pra me recomendar que usasse protetor solar porque eu sou muito branca e o sol de lá é muito forte! Um barato!

No Maranhão, fui incrivelmente bem recebida pelo Marcio Vasconcelos (que tinha me “conhecido” uns dias antes via Facebook, porque eu fui bem cara de pau de pedir umas dicas pra um fotógrafo super renomado e ele foi hiper gentil de dar tantas dicas para uma ilustre desconhecida). Ele me apresentou o Jandir, um pesquisador que sabe tudo sobre a cultura do Maranhão e que me levou pra ver as festas mais lindas no interior do estado junto com um casal de americanos depois de me conhecerem por, no máximo, 24 horas.

O que posso dizer: é maravilhoso ser brasileira! É incrível ser sempre tão bem recebida em todos os lugares para onde eu vou! Se tenho medo de viajar sozinha? Pode parecer engraçado, mas os exemplos acima mostram que dificilmente estou sozinha! Tenho sempre o privilégio de ter um “amigo de infância” que acabei de conhecer pra me fazer companhia, me passar informações bacanas e me ajudar a ter acesso ao que há de melhor em cada festa!

E, de quebra, ainda ganho fotos de registros de momentos especiais do meu trabalho, como esta aí ao lado, clicada pelo querido Zedu Monte em Ouro Preto.

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