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Andrea Goldschmidt

As origens das tradições de Páscoa: várias formas e motivos para celebrar


A Páscoa é uma das mais tradicionais festas populares brasileiras. Ela é celebrada ao final da Semana Santa católica, mas a origem das celebrações de Páscoa são antigas e bastante diversificadas!

A Páscoa, na origem pagã, era um rito no mundo pastoril e celebrava a passagem do inverno para a primavera. Os pastores faziam uma festa quando deixavam o local onde tinham passado o inverno com suas ovelhas e se dispersavam a procura de pastagens para os rebanhos. O ápice dessa comemoração era a oferenda de um animal a Deus, como forma de gratidão pela volta das pastagens verdes e das flores. O cordeiro oferecido era comido numa refeição para comemorar a unidade dos membros do clã entre si e com Deus.

Para os judeus a Páscoa teve origem por volta do século 12 antes de Cristo e relembra um fato marcante na história dos hebreus (que, liderados por Moisés, atravessaram o deserto até a terra do leite e do mel e precisavam abandonar o conceito de escravos para aprender a ser livres). Assim a Páscoa, ou Pessach, em hebraico, passa a ser lembrada como a passagem da escravidão para a liberdade e substitui a razão original pela qual se celebrava a Páscoa. Os pães ázimos, fabricados sem fermento (que tem uma simbologia relacionada à corrupção) e a carne de cordeiro são os alimentos básicos desta celebração.

Tapete de Semana Santa em Ouro Preto

Já para os cristãos a Páscoa celebra a ressurreição de Jesus, após a sua morte na cruz. Esta celebração tem uma íntima relação com a Páscoa judaica que celebrada por Jesus e pelos doze apóstolos, na quinta-feira Santa, no evento que conhecemos atualmente como Santa Ceia. Jesus, que estava preparado para morrer pelos pecados de seu povo, foi chamado de Cordeiro de Deus, porque ele era o Cordeiro a ser sacrificado, para aproximar os homens comuns de Deus, o que guarda uma ligação bastante forte com o conceito original da Páscoa pagã.

O sentido de liberdade entre a Páscoa comemorada pelos judeus e a cristã é o mesmo: ambas dizem respeito a uma passagem e à liberdade. Os judeus foram livres da escravidão e os cristãos, do pecado e da escuridão.

Os dois festivais de ressurreição que originalmente não tinham nada mais em comum uns com o outro do que a época em que aconteciam (a ressurreição de Cristo e a “ressurreição” ou o retorno da primavera), acabaram se fundindo na maneira como celebramos hoje. Assim, o modo como a Páscoa é popularmente comemorada hoje não tem origem bíblica, mas sim em antigos ritos de fertilidade. Por exemplo:

Nome: O nome usado em português dá a entender que a Páscoa atual é uma versão cristianizada da Páscoa judaica. Mas, em inglês e alemão, por exemplo, essa festividade é chamada de Easter e Oester, respectivamente, que derivam de “Ostara” ou “Eastre”, a deusa da manhã radiante, da luz crescente, da verdejante floração de maio, a deusa da primavera. Outras obras relacionam esse nome a Astarte, deusa fenícia da fertilidade, correspondente à deusa babilônia Istar.

Coelhos: Em suas representações mais comuns, observamos esta deusa pagã representada na figura de uma mulher que observava uma lebre saltitante enquanto segurava um ovo nas mãos. Nesta imagem há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e a lebre) que reforçavam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos. Os coelhos, portanto, eram originalmente lebres.

Ovos: O ovo é o símbolo da vida e daí a sua conexão com o renascimento ou a ressurreição. Em algumas culturas, as pessoas acreditavam que os ovos decorados tinham o poder mágico de trazer felicidade, prosperidade, saúde e proteção. Por isso começaram a presentear-se uns aos outros com ovos cozidos, de cerâmica, de vidro, de ouro e cravejados de pedras preciosas. Ao entrarem em contato com os maias e astecas, os espanhóis foram responsáveis pela divulgação do chocolate no Velho Mundo. Duzentos anos mais tarde, os chefs franceses tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da história.

Roupa nova: Este costume não é muito comum no Brasil, mas é bastante tradicional em alguns países europeus e deriva de uma tradição de usar vestimentas novas em sinal de respeito à deusa da primavera, ou Eastre. Não usá-las, poderia trazer azar!

Cultos religiosos realizados ao amanhecer: Têm sido relacionados a rituais que antigos adoradores do Sol realizavam no equinócio da primavera para acolher o Sol com seu grande poder de trazer vida nova a tudo que cresce. Até hoje, as procissões acontecem logo cedo no domingo de Páscoa.



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