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NUM MINUTO

NUM MINUTO

SINTA-SE LÁ

Sexta-feira Santa.

Vultos brancos perambulam pelas ruas de Mariana durante a madrugada.

São almas. Que rezam por outras almas.

Não precisamos saber quem são aquelas pessoas que passam em procissão. Seus rostos não precisam ser vistos. Seus corpos não precisam ser vistos. De acordo com uma das lendas da região, não se deve nem espiar a sua passagem, sob o risco de morte para quem fizer isso.

Jogam penas de galinhas ao vento. Possivelmente com pena daqueles que morreram. Ou pensando nas penas às quais podem estar sendo submetidos “do outro lado” por seus pecados terrenos não confessados antes da morte.

 

“Reza mais, reza mais, reza mais uma oração;

Reza mais, reza mais pra alma que morreu sem confissão.

Reza mais, reza mais, reza novena e trezena;

Reza mais, reza mais pra alma que morreu sem cumprir pena”.

PREFACIO
FOTOS

FOTOS

MÚSICA TÍPICA

Som original da festaCaptado por Lucas Carvalho
00:00 / 01:20
MUSICA
LENDAS
Uma moça, de túnica e capuz brancos, caminha de perfil, da direita para a esquerda. Ela carrega uma pequena vela que ilumina fracamente o seu rosto no escuro da noite. A mão direita está posicionada em formato de concha, para proteger o fogo do vento.

LENDAS

Por que não se pode espiar a procissão?

Existia uma senhora chamada Maricota de Todos os Santos, muito maledicente, vivia na janela de sua casa vigiando a vida alheia. Tinha até calos nos cotovelos de ficar debruçada na janela, observando quem ia e quem vinha.

 

Em uma Sexta-feira Santa, Dona Maricota observou se aproximar uma procissão e ficou surpresa por não saber do que se tratava.

 

Resolveu então ficar espiando pela janela pra ver quem estava na tal procissão.

 

Quando se aproximaram mais, ela viu que usavam roupas que cobriam todo o corpo, que todos vinham com velas nas mãos e que o primeiro da fila segurava uma enorme cruz preta.

 

Além dos trajes estranhos, ela escutava um som pausado de bumbo, bem fúnebre, uma matraca, gemidos, gritos lancinantes e os cantos:

 

“Reza mais, reza mais, reza mais uma oração; Reza mais, reza mais pra alma

que morreu sem confissão. Reza mais, reza mais, reza novena e trezena;

Reza mais, reza mais pra alma que morreu sem cumprir pena”.

 

Um pouco assustada com a estranheza da procissão, ela continuou observando da janela, até que um dos participantes saiu de onde estava e foi em sua direção com uma vela acesa. Estendeu a vela para a Dona Maricota e disse: “Mulher, guarde sua língua, a noite é dos mortos. Guarde esta vela pra mim, eu volto pra buscar mais tarde”.

Quando a procissão voltou, o participante pediu a vela de volta e disse pra Dona Maricota: “Hoje, a noite é dos mortos. Amanhã estaremos juntos em outras paragens”.

 

Ao entrar em seu quarto, no lugar da vela que ela havia guardado, havia um pedaço de um osso, da perna de um defunto! Dona Maricota levou o maior susto, passou mal e, mesmo tendo sido socorrida pelo padre e por um médico, morreu logo depois.

SAIBA MAIS

"Procissão das Almas de Mariana" - Com Hebe Rola e Lucas Carvalho

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Mariana (MG)

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